sábado, 4 de junho de 2011

E celestiais

Uma música muito famosa, escrita por Roberto Carlos e Erasmo Carlos, diz assim: “se o bem e o mal existem/ você pode escolher/ é preciso saber viver…”

Mas daí eu me pergunto: será?

Quer dizer, claro que o Bem e o Mal (assim mesmo, com letra maiúscula) existem, mas eu não sei se a gente pode escolher. Não sei nem se é possível realmente escolher.

Porque precisa ser muito ingênuo pra acreditar que alguém é completamente bom ou completamente ruim, né? As pessoas são muito complexas e cheias de ambigüidades e contradições. Fora que quem é capaz realmente de fazer delas um julgamento imparcial?

Eu cada vez mais percebo que os julgamentos que fazemos das pessoas tem muito mais a ver com a gente mesmo e com nossos próprios conceitos e preconceitos do que com elas de verdade.

Por exemplo, a Dalila, uma menina lá da escola que a gente poderia chamar de minha “antagonista”, se a vida fosse um filme e eu fosse uma heroína. Ela é espaçosa, folgada, sem noção e quase sempre incomoda. Mas não sei se eu diria que ela é “do mal”, entende? Já a Letícia, que é minha amiga, apesar de qualquer defeito que ela possa ter, pra mim ela sempre será “do bem”.

Então, é bem complicado entender as pessoas e conseguir distinguir de que lado elas estão. Mas também, como eu disse, esse negócio de ter que colocar todo mundo em “lados” bem definidos faz cada vez menos sentido pra mim.

Bom, tudo isso porque esse livro “O Auto da Barca do Inferno”, que é uma peça de teatro beeeem antiga, escrita pelo Gil Vicente, plantou esse assunto na minha cabeça. E eu gosto dessa discussão.

Aliás, gosto bastante é de acreditar que o Diabo e o Anjo e o Bem e o Mal são na verdade ótimas atrações de um mesmo grande e animado circo!